A maioria dos métodos usados para estudar para as provas não é eficaz, segundo estudo.
Alunos de todos os lugares: guardem seus
marca-textos e peguem alguns cartões de memória! Algumas das estratégias de
estudo mais populares - como destacar o texto e até mesmo a releitura - não
mostram muita promessa para melhorar a aprendizagem do aluno, de acordo com um
novo relatório feito por dois pesquisadores da Universidade Estadual de Kent.
John Dunlosky, professor de psicologia
da Universidade Estadual de Kent e Katherine Rawson, professora assistente de
psicologia, e uma distinta equipe de cientistas psicológicos revisaram as evidências
científicas de 10 técnicas de aprendizagem comumente utilizadas pelos alunos.
Os resultados foram publicados na Psychological
Science in the Public Interest, um jornal da Association for Psychological Science.
"As escolas e os pais gastam uma
grande quantidade de dinheiro em tecnologia e programas para melhorar o
desempenho dos alunos, apesar das evidências, muitas vezes, não provarem firmemente
que elas funcionam", disse Dunlosky. "Queríamos ter uma visão
abrangente das técnicas (de estudo) mais promissoras, para direcionar
professores, alunos e pais para as estratégias que são mais eficazes ainda que
subutilizadas".
Com base nas evidências disponíveis, os
pesquisadores forneceram recomendações sobre a aplicabilidade e utilidade de
cada técnica. Embora as 10 técnicas de aprendizagem variem muito em eficácia,
duas estratégias - teste prático e prática distribuída – fizeram a diferença,
recebendo a mais alta classificação geral de utilidade.
Cinco dessas técnicas
receberam uma classificação de baixa utilidade por parte dos pesquisadores. Notavelmente,
essas técnicas são algumas das estratégias de aprendizagem mais comuns
utilizadas pelos alunos, incluindo resumo, destacar e sublinhar o texto e releitura.
"Quando os estudantes estão usando um marcador, eles comumente se concentram em um conceito por vez e estão menos propensos a integrar a informação que eles estão lendo em um contexto mais amplo", diz ele. "Isso pode comprometer a compreensão sobre o material", afirma Dunlosky.
Mas ele não sugere o abandono dos
marcadores, por reconhecer que elas são um "cobertor de segurança"
para muitos estudantes.
Por que alunos
e professores não utilizam as estratégias de aprendizagem que apresentaram ser mais
para eficazes e baratas?
Dunlosky e seus colegas descobriram que
a resposta pode ter a ver com a forma como os futuros professores são
ensinados.
“Estas estratégias são largamente
ignorada nos livros didáticos de Psicologia Educacional que os professores iniciantes
lêem, então eles não obtém uma boa introdução deles ou como usá-los, enquanto ensinam’,
explicou Dunlosky.
Como resultado, os professores são menos
propensos a explorar plenamente alguns dessas técnicas eficazes e fáceis de
usar.
Para ajudar a resolver essa lacuna, os pesquisadores
organizaram o relatório em módulos distintos, de modo que os professores possam
decidir rapidamente sobre qual técnica irá beneficiar esse ou aquele aluno e os
pesquisadores podem facilmente definir uma ordem sobre o que ainda precisa-se saber
sobre a eficácia dessas estratégias.
"As técnicas de aprendizagem
descritas nessa monografia não serão uma panacéia sobre a melhora do desempenho
de todos os alunos e, talvez, obviamente, elas irão beneficiar apenas os
estudantes que estão motivados e são capazes de usá-las", observou Dunlosky
e seus colegas. "No entanto, quando usadas corretamente, nós suspeitamos
que elas vão produzir ganhos significativos na performance em sala de aula, em
testes de desempenho e em muitas tarefas encontradas em toda a vida."
Entenda como essas técnicas funcionam!!
Resumos e Mnemônicos
Os professores regularmente sugerem ler as anotações e os ensaios das aulas e fazer resumos.
Mas Dunlosky diz: "Para nossa surpresa, parece que escrever resumos não ajuda em nada".
"Os estudantes que voltam e relêem o texto aprendem tanto quanto os estudantes que escrevem um resumo enquanto lêem", diz.
Outros guias para estudo sugerem o uso de truques mnemônicos, técnicas para auxiliar a memorização de palavras, fórmulas ou conceitos.
Dunlosky afirma que eles podem funcionar bem para lembrar de pontos específicos, como: "Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá, Seno A Cosseno B, Seno B Cosseno A", para lembrar a fórmula matemática do seno da soma de dois ângulos: sen (a + b) = sena.cosb + senb.cosa.
Mas ele adverte que eles não devem ser aplicados para outros tipos de materiais: "Eles não vão te ajudar a aprender grandes conceitos de matemática ou física".
Repetição
Segundo pesquisadores, apenas marcar trechos de textos não funciona para ajudar a memorização
Então, o que funciona?
Somente duas das dez técnicas avaliadas se mostraram efetivas - testar-se a si mesmo e espalhar a revisão em um período de tempo mais longo.
"Estudantes que testam a si mesmos ou tentam recuperar o material de sua memória vão aprender melhor aquele material no longo prazo", diz Dunlosky.
"Comece lendo o livro-texto e então faça cartões de estudo com os principais conceitos e teste a si mesmo. Um século de pesquisas mostra que a repetição de testes funciona", afirma.
Isso aconteceria porque o estudante fica mais envolvido com o tema e menos propenso a devaneios da mente.
"Testar a si mesmo quando você tem a resposta certa parece produzir um rastro de memória mais elaborado conectado com seus conhecimentos anteriores, então você vai construir (o conhecimento) sobre o que já sabe", diz o pesquisador
'Prática distribuída'
Porém a melhor estratégia é uma técnica chamada "prática distribuída", de planejar antecipadamente e estudar em espaços de tempo espalhados - evitando, assim, de deixar para estudar de uma vez só na véspera do teste.
Dunlosky diz que essa é a estratégia "mais poderosa". "Em qualquer outro contexto, os estudantes já usam essa técnica. Se você vai fazer um recital de dança, não vai começar a praticar uma hora antes, mas ainda assim os estudantes fazem isso para estudar para exames", observa.
"Os estudantes que concentram o estudo podem passar nos exames, mas não retêm o material", diz.
"Uma boa dose de estudo concentrado após bastante prática distribuída é o melhor caminho", avalia.
Então, técnicas diferentes funcionam para indivíduos diferentes? Dunlosky afirma que não - as melhores técnicas funcionam para todos.
E os especialistas acreditam que esse estudo possa ajudar os professores a ajudar seus alunos a estudar.
Técnica
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Descrição
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Eficiência
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Resumos
|
Escrever resumo de texto
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BAIXA
|
Marcar/sublinhar trechos
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Marcar ou sublinhar o texto
|
BAIXA
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Mnemônicos
|
Escolher uma palavra para
associar à informação
|
BAIXA
|
Criação de imagens
|
Formar imagens mentais ao ler ou
escutar
|
BAIXA
|
Releitura
|
Reler o texto
|
BAIXA
|
Interrogação
elaborativa
|
Ser capaz de explicar um ponto
ou um fato
|
MODERADA
|
Auto-explicação
|
Como um problema foi resolvido
|
MODERADA
|
Prática
intercalada
|
Alternar entre diferentes tipos
de problemas
|
MODERADA
|
Teste
prático
|
Auto-teste
para checar o conhecimento - cartões de memória
|
ALTA
|
Prática
distribuída
|
Espalhar o estudo em um longo
período de tempo
|
ALTA
|
Fontes:
http://www.kent.edu/research/newsdetail.cfm?newsitem=2552324e-f137-16bc-3a57031904214304
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/05/130520_estudo_tecnicas_pesquisa_rw.shtml
Artigo completo: http://www.psychologicalscience.org/index.php/publications/journals/pspi/learning-techniques.html